quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Caravana do Apodi visita acampamento Edivan Pinto, símbolo de resistência ao projeto de irrigação do DNOCS

Mesa com representantes dos movimentos sociais e o líder do MST, João Stédile | Foto: Darcy Lima
Com o céu ainda riscado do crepúsculo, as cinco rotas da Caravana Agroecológica e Cultural da Chapada do Apodi chega ao acampamento Edivan Pinto, em Apodi (RN), o maior do Brasil. O ato contou com a presença do líder do MST Nacional, João Pedro Stédile, além de visitantes locais, agricultores e agricultoras de comunidades vizinhas e integrantes dos movimentos sociais. Os participantes do ato foram recebidos por uma mística, que envolveu integrantes de todos os estados do Nordeste. Simbolicamente, eles plantaram uma muda no centro do acampamento. Em seguida, foi realizada uma mesa com o secretário executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Denis Monteiro, o líder do MST, João Pedro Stédile, e uma representante do movimento feminista, Francisca (Tica).
Denis Monteiro enfatizou o modelo sustentável da agroecologia. Nas suas palavras: “é uma proposta de fortalecimento de agricultura familiar. Não se constrói agroecologia sem uma agricultura familiar numerosa, forte e com liberdade. Por isso, a construção da agroecologia pressupõe tá junto da luta, que são todas as lutas das emancipações. Não se faz agroecologia sem reforma agrária, não se faz agroecologia sem garantir que os povos tenham liberdade nos territórios para trabalhar, para desenvolver as suas práticas. A construção alternativa agroecológica se faz também com o enfrentamento dos grandes projetos do agronegócio”.
Mesa com representantes dos movimentos sociais e o líder do MST, João Stédile .

Na fala de João Pedro Stédile ouvimos o importante apoio de solidariedade e indagações sobre o projeto de irrigação implementado pelo DNOCS na região. “Já venho acompanhando com tempo o problema do projeto de irrigação do Apodi e aceitei de bom grado essa oportunidade de nos conhecermos. E a luta que eu tô encontrando aqui é muito importante! Venho lá do Sul, como disse o companheiro, não só para trazer a solidariedade a vocês, mas dizer que nós estamos juntos para o que der e vier. E a luta que vocês estão travando aqui é uma batalha decisiva para nós termos força como classe trabalhadora do Brasil, para enfrentar o agronegócio, sua forma de hidronegócio, que usa o dinheiro público de todo povo para fazer esses mega projetos de canalização da água, que depois se transformam apenas em lucro a  custo da saúde das pessoas e da destruição do meio ambiente, para exportar meia dúzia de banana e meia dúzia de melão. Portanto, a vitória de vocês, é a vitória dos camponeses brasileiros. A derrota de vocês seria a derrota de todos nós do Brasil”, disse Stédile.
Por Janaina Henrique dos Santos
Apodi (RN)