Com o céu ainda riscado do crepúsculo, as cinco rotas da Caravana
Agroecológica e Cultural da Chapada do Apodi chega ao acampamento Edivan
Pinto, em Apodi (RN), o maior do Brasil. O ato contou com a presença do
líder do MST Nacional, João Pedro Stédile, além de visitantes locais,
agricultores e agricultoras de comunidades vizinhas e integrantes dos
movimentos sociais. Os participantes do ato foram recebidos por uma
mística, que envolveu integrantes de todos os estados do Nordeste.
Simbolicamente, eles plantaram uma muda no centro do acampamento. Em
seguida, foi realizada uma mesa com o secretário executivo da
Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Denis Monteiro, o líder do
MST, João Pedro Stédile, e uma representante do movimento feminista,
Francisca (Tica).
Denis Monteiro enfatizou o modelo sustentável da agroecologia. Nas suas
palavras: “é uma proposta de fortalecimento de agricultura familiar. Não
se constrói agroecologia sem uma agricultura familiar numerosa, forte e
com liberdade. Por isso, a construção da agroecologia pressupõe tá
junto da luta, que são todas as lutas das emancipações. Não se faz
agroecologia sem reforma agrária, não se faz agroecologia sem garantir
que os povos tenham liberdade nos territórios para trabalhar, para
desenvolver as suas práticas. A construção alternativa agroecológica se
faz também com o enfrentamento dos grandes projetos do agronegócio”.
Na fala de João Pedro Stédile ouvimos o importante apoio de
solidariedade e indagações sobre o projeto de irrigação implementado
pelo DNOCS na região. “Já venho acompanhando com tempo o problema do
projeto de irrigação do Apodi e aceitei de bom grado essa oportunidade
de nos conhecermos. E a luta que eu tô encontrando aqui é muito
importante! Venho lá do Sul, como disse o companheiro, não só para
trazer a solidariedade a vocês, mas dizer que nós estamos juntos para o
que der e vier. E a luta que vocês estão travando aqui é uma batalha
decisiva para nós termos força como classe trabalhadora do Brasil, para
enfrentar o agronegócio, sua forma de hidronegócio, que usa o dinheiro
público de todo povo para fazer esses mega projetos de canalização da
água, que depois se transformam apenas em lucro a custo da saúde das
pessoas e da destruição do meio ambiente, para exportar meia dúzia de
banana e meia dúzia de melão. Portanto, a vitória de vocês, é a vitória
dos camponeses brasileiros. A derrota de vocês seria a derrota de todos
nós do Brasil”, disse Stédile.
Por Janaina Henrique dos Santos
Apodi (RN)